Pedra do Sal | Visible Memories




No início, optei por atuar na zona portuária do Rio de Janeiro devido a sua história. Há 10 anos, a zona portuária não era muito visitada ou conhecida pela maioria dos habitantes da cidade, apesar de sua importância histórica. A área já foi o maior porto de escravos das Américas e também um dos locais de nascimento do samba brasileiro e do carnaval moderno. Após o início das reformas para os Jogos Olímpicos de 2016, a zona portuária se tornou um símbolo da transformação do Rio de Janeiro e sua contínua negação do passado.
Comecei a pintar na região em 2010, como parte da minha bolsa de estudos de iniciação científica. Na época, eu produzia figuras imaginárias de pessoas de outros tempos, em uma escala de vida, como se houvesse uma mistura entre o cotidiano do passado com o presente. Trabalhar na zona portuária do Rio acabou sendo a mais forte experiência formativa que tive no campo das artes. Isso me fez entender a importância da arte e do ativismo. Continuei fazendo projetos na área, estive lá por mais de 2 anos com o líder comunitário Maurício Hora e me envolvi com os projetos Quilombo da Pedra do Sal.O último projeto que organizei na região foi o Projeto Sankofa, durante os Jogos Olímpicos de 2016.


Pinturas de 2010



Algumas fotos das pinturas em 2011


Uma image de 2012 mostrando o fundo do muro Pedra do Sal, pintado por mim e Injusticia (Chile)



2014

Como desenvolvimento do meu primeiro projeto de pintura (que chamei de "Visible Memories"), em 2014 trabalhei com ativistas negros locais chamados Quilombolas (descendentes de pessoas escravizadas que mantêm suas tradições e moradia desde antes da abolição). Em colaboração com outros artistas, que foram criados na Zona Portuária, como Felipe Carvalho, Diego Deus e Douglas Oliveiras, pintamos um enorme navio negreiro. Um que carregava uma mensagem de força.A pintura passou a representar a presença dos quilombolas na região e desde então tem sido utilizada em diversos artigos de notícias, videoclipes e até mesmo na divulgação de roteiros históricos.





O Projeto Sankofa 

Em 2016 fui convidado pelo presidente do Quilombolo, Damião Braga, para fazer uma pintura na área durante os Jogos Olímpicos da Suméria de 2016.Desafio aceito, coordenei o projeto com o artista Felipe Carvalho. Colaboramos com a arquiteta Verônica Natividade, que trouxe seus estudantes universitários para nos ajudar fazendo estênceis paramétricos gerados de padrões africanos. Este trabalho foi baseado em nossa pesquisa sobre as tradicionais pinturas religiosas iorubás (grupo étnico da África Ocidental) e envolveu uma campanha de crowdfunding, vários artistas e instituições locais.Nós nos inspiramos no trabalho do professor Ron Eglash sobre fractais africanos e etnomatemática. Tal referência foi fundamental para a descrição de padrões tradicionais em códigos paramétricos, usando o Grasshopper.Também tivemos o prazer de contar com o conselho pessoal do professor Bolaji Campbell sobre a pintura tradicional iorubá.

Quem participou do projeto:

Damião Braga - líder do Quilombo
Vanessa Rosa e Felipe Carvalho - coordenadores e pesquisadores
Verônica Natividade - Arquiteta, designer e professora da PUC
Joyce Oliveira, Pedro Carneiro, Diego Deus, Thiago Haule, Vitor Vanes - artistas
Camila Rodriguez, Eduardo Romano, Marcos Chaves, Rafael Magioli - Estudantes de Arquitetura
Monica Combatente - Produtora
Pajé Produções - Cineastas e Docummentação
Zona Imaginária - Suporte à Produção



Vídeos sobre o projeto





O resultado



Fotos do processo de criação dos stencils 



︎